sábado, 27 de abril de 2013

Run, A., Run!

 Valência, 2013 © Adelina Silva

Todas as manhãs, em África, a gazela acorda. Ela sabe que precisa correr mais rápido que o mais rápido dos leões para sobreviver. Todas as manhãs um leão acorda. Ele sabe que precisa correr mais rápido que a mais lenta das gazelas senão morrerá de fome. Não importa se você é um leão ou uma gazela. Quando o sol nascer, comece a correr.

Provérbio Africano

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Ponte dos Anjos

 Roma, 2013 © Adelina Silva

(...)
Mas a noite espiava a minha dúvida
E eu me deitei à beira do caminho
Vendo o vulto dos outros que passavam
Na esperança da aurora.
Eu continuo à beira do caminho
Vendo a luz do infinito
Que responde ao peregrino a imensa dúvida.
(...)

Vinicius de Moares

quarta-feira, 17 de abril de 2013

A caixa

 Barcelona, 2013 © Adelina Silva

(...)
A caixa é apenas temporária.

Sylvia Plath

segunda-feira, 15 de abril de 2013

O pássaro verde da minha pena

Barcelona, 2013 ©  Adelina Silva

(...)
Não abri a porta da gaiola
porque não havia gaiola,
mas com mãos trémulas de esperança
fui buscar o Pássaro Azul
ao fundo da alma,
e abri as mãos
para que houvesse em todas as casas
uma flor, uma estrela, um pássaro a cantar.
Murcharam, porém, todas as flores,
apagaram-se todas as estrelas,
e o Pássaro Azul,
azul como o azul do arco-íris,
ficou frio e cinzento,
um Pássaro Cinzento
como um pássaro de lua.
Então as mãos,
aquelas mãos trémulas de esperança,
tomaram a forma de tépidas conchas,
de pequenos ninhos de calor,
e o verde,
o verde indeciso das marés,
cobriu de esperança as suas penas.
Era agora um Pássaro Verde,
verde e triste.
Então lágrimas lentas o envolveram,
pesada chuva de alma,
e o pássaro ficou branco.
Era agora um Pássaro Branco,
silencioso e triste.
Como um vento furioso,
a Ira sacudiu as raízes da alma,
da alma onde outrora
morava o Pássaro Azul,
mas o Pássaro Branco
era agora vermelho,
um Pássaro Vermelho e assustado,
pesado de solidão.
(...)
Fernanda de Castro, in «A Ilha da Grande Solidão»

terça-feira, 2 de abril de 2013

O Poema

Valladolid, 2013 ©  Adelina Silva

(...)
O poema ainda sem rosto
O bosque ainda sem árvores
Os cantos ainda sem nome

Mas a luz irrompe com passos de leopardo
E a palavra se levanta ondula cai
E é uma extensa ferida e puro silêncio sem mácula

Octavio Paz