quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Dá-me um sinal

Pode nem ser sempre assim; e eu digo
Que se os teus lábios, que amei, tocarem
Os de outro, e os teus dedos fortes e meigos cingirem
O seu coração, como o meu em tempos não muito distantes;
Se na face de outro os teus suaves cabelos repousarem
Nesse silêncio que eu sei, ou nessas
Palavras sublimes e estremecidas que, dizendo demasiado
Ficam desamparadamente diante do espírito vozeando;

Se assim for, eu digo se assim for –
Tu do meu coração, manda-me um recado;
Que eu posso ir junto dele, e tomar as suas mãos,
Dizendo, Aceita toda a felicidade de mim.
Então, hei-de voltar a cara, e ouvir um pássaro
Cantar terrivelmente longe nas terras perdidas.

e.e.cummings, in “xix poemas”

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