segunda-feira, 15 de junho de 2009

Carpe Diem

Madrid, 2009 © Adelina Silva
Confias no incerto amanhã? Entregas
às sombras do acaso a resposta inadiável?
Aceitas que a diurna inquietação da alma
substitua o riso claro de um corpo
que te exige o prazer? Fogem-te, por entre os dedos,
os instantes; e nos lábios dessa que amaste
morre um fim de frase, deixando a dúvida
definitiva. Um nome inútil persegue a tua memória,
para que o roubes ao sono dos sentidos. Porém,
nenhum rosto lhe dá a forma que desejarias;
e abraças a própria figura do vazio. Então,
por que esperas para sair ao encontro da vida,
do sopro quente da primavera, das margens
visíveis do humano? "Não", dizes, "nada me obrigará
à renúncia de mim próprio - nem esse olhar
que me oferece o leito profundo da sua imagem!"
Louco, ignora que o destino, por vezes,
se confunde com a brevidade do verso.

Nuno Júdice

3 comentários:

mfc disse...

Se há coisa que faço é sair todos os dias "abraçando o vazio".

Estranha pessoa esta disse...

"Então, por que esperas para sair ao encontro da vida?"
...
É.
É isso.
..

Abraço grande destes lados da insanidade.

Remus disse...

Será que ela também sabe os números do Euromilhões que vão sair esta semana?! :-)
Uma fotografia de momento e oportunidade bem conseguida.