Quem tem coragem de perguntar, na noite imensa?
E que valem as árvores, as casas, a chuva, o pequeno transeunte?
Que vale o pensamento humano,
esforçado e vencido,
na turbulência das horas?
Que valem a conversa apenas murmurada,
a erma ternura, os delicados adeuses?
Que valem as pálpebras da tímida esperança,
orvalhadas de trémulo sal?
O sangue e a lágrima são pequenos cristais subtis,
no profundo diagrama.
E o homem tão inutilmente pensante e pensado
só tem a tristeza para distingui-lo.
Cecília Meireles
3 comentários:
De que valem as vaidades?!
Óptimo instantâneo.
Cada dia que passa, mais coragem é necessária para viver e para sobreviver..
Degradação...
O que somos?
O que fazemos?
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