Póvoa de Varzim, 2010 © Adelina Silva
Um porto é uma estância encantadora para um espírito cansado das lutas da vida. A vastidão do céu, a arquitectura móvel das nuvens, as tonalidades mutantes do mar, o cintilar dos faróis, são um prisma maravilhosamente próprio para divertir os olhos sem nunca os aborrecer. As formas esguias dos navios, de enxárcia complicada, aos quais o marulho imprime oscilações harmoniosas, servem para conservar na alma o gosto pelo ritmo e pela beleza. E há sobretudo, também, uma espécie de prazer misterioso e aristocrático para quem já não tem curiosidade nem ambição, em contemplar, inclinado no miradouro ou debruçado junto ao molhe, todos os movimentos dos que partem e dos que retornam, dos que ainda têm a força de querer, o desejo de viajar ou de enriquecer.
Charles Baudelaire, in "Pequenos Poemas e Prosas"
3 comentários:
Quem anda a plantar tomates no Mar
Como dedos apontados ao céu...
Uma imagem surpreendente!
O efeito provocado pelos mastros está "divinal".
Parabéns.
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