Eu sou feita de madeira
Madeira, matéria morta
Mas não há coisa no mundo
Mais viva do que uma porta.
Eu abro devagarinho
Pra passar o menininho
Eu abro bem com cuidado
Pra passar o namorado
Eu abro bem prazenteira
Pra passar a cozinheira
Eu abro de supetão
Pra passar o capitão.
Só não abro pra essa gente
Que diz (a mim bem me importa...)
Que se uma pessoa é burra
É burra como uma porta.
Eu sou muito inteligente!
Eu fecho a frente da casa
Fecho a frente do quartel
Fecho tudo nesse mundo
Só vivo aberta no céu!
Vinicius de Moraes, in "Poesia Completa e Prosa"
3 comentários:
Uma aldraba do tempo em que as chaves ficavam nas portas...
Lindo!
Para bater nesse batente, é preciso ter músculo.
:-)
Mas uma coisa é certa, ao contrário das campainhas de hoje, este nunca avaria.
Bate! Entra, não tenhas receio! É a porta da felicidade.
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