Paris, 2012 © Adelina Silva
Onde mora a memória obscura, onde
esse cavalo persiste como um relâmpago de pedra,
onde o corpo se nega, onde a noite ensurdece,
caminho sobre pedras na minha casa pobre.
Não conheço esse lago, não fui a esse país.
Mas aqui é um termo ou um princípio novo.
Com a baba do cavalo, com os seus nervos mais finos
reconstruí o corpo, silenciei os membros.
Não se estancou a sede, no mesmo caos de agora,
mas a língua rebenta, as vértebras estalam
por uma nova língua, por um cavalo que una
a terra à tua boca, e a tua boca à água.
António Ramos Rosa, in "Antologia Poética"
2 comentários:
Adoro o enquadramento Adelina. Muito bonito *
Bonita fotografia, com o azula perder de vista...bonitas as palavras e a música.
1 bj
Enviar um comentário