Porto, 2010 © Adelina Silva
No velho
parque deserto e gelado
Duas formas
passaram há bocado.
Com os
olhos mortos e os lábios moles,
Mal se
ouvem, a custo, as suas vozes.
No velho
parque deserto e gelado
Dois
espectros evocaram o passado.
—
Recordas-te do nosso êxtase antigo?
— Por que
razão acha que ainda consigo?
— Bate, ao
ouvires meu nome, o coração?
Vês ainda a
minha alma em sonhos? — Não.
— Ah! bons
tempos de prazer indizível
Unindo as
nossas bocas! — É possível.
— Como era
azul, o céu, e grande a esperança!
— Mas é prò
negro céu que hoje se lança.
Lá
caminhavam pelas aveias loucas
E só a
noite ouviu as suas bocas.
Paul
Verlaine, in "Festas Galantes"
2 comentários:
Ainda bem que o homem vai com uma garrafa de águas na mão. Se fosse uma garrafa de vinho, se calhar não ia tão direito.
:-D
Bom momento citadino, com esta envolvência que o Porto sabe muito bem dar.
Um momento do quotidiano muito bem captado.
Adoro ruas estreitas e quando há o elemento humano enriquecem ainda mais as fotos, como foi o caso.
Beijos
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