domingo, 16 de agosto de 2009

A voz do silêncio

Magaluff/Palmanova, 2009 © Adelina Silva

A pessoa que sou é única, limitada a um nascer e a um morrer, presente a si mesma e que só à sua face é verdadeira, é autêntica, decide em verdade a autenticidade de tudo quanto realizar. Assim a sua solidão, que persiste sempre talvez como pano de fundo em toda a comunicação, em toda a comunhão, não é 'isolamento'. Porque o isolamento implica um corte com os outros; a solidão implica apenas que toda a voz que a exprima não é puramente uma voz da rua, mas uma voz que ressoa no silêncio final, uma voz que fala do mais fundo de si, que está certa entre os homens como em face do homem só. O isolamento corta com os homens: a solidão não corta com o homem. A voz da solidão difere da voz fácil da fraternidade fácil em ser mais profunda e em estar prevenida.

Vergílio Ferreira, in 'Espaço do Invisivel I'

3 comentários:

mfc disse...

Esta é uma faceta da solidão... aquela de que precisamos.
A de que não precisamos está presente nesse banco vazio.

Anónimo disse...

Talvez o contraponto da solidão...ou não.
http://www.youtube.com/watch?v=sSov-uDWsHU

Um beijo
Marzie

Remus disse...

Mas é um banco publico vip. Tem almofada e tudo. :-P
Pormenor muito intrigante e único.