sábado, 9 de janeiro de 2010

Numa manhã estranha

Póvoa de Varzim, 2010 © Adelina Silva

(…) Sinto-me como um grão de areia numa praia deserta. A meu lado, milhões me acompanham e, no entanto, sinto-me só. Estou só. Sou só. Faltas-me tu. Por vezes, a maré traz as ondas e, com elas, pedras que se arrastam e se depositam sobre mim. Essa pedra especial que viaja pelo mar, és tu, que sempre procuravas repousar junto a mim. Não és como uma pedra no sapato. Não, tu não és como as outras. Por ti subiria as mais altas montanhas, ainda que com pedras nos sapatos. Tu és especial. És a pedra que me sustenta, a pedra que me constrói, edifica, torna maior. Torna-nos maiores. Sê maior comigo! (…)

Tiago Abreu, in “Revista Politecnia”

3 comentários:

ECON disse...

Olá Adelina!
Adorei a música em destaque no blog.
Diz-me quem canta .
Jinhos

mfc disse...

Porque carga de água andamos tantas e tantas vezes acompanhadamente sós!
A foto é de um desamparo total... sente-se!
Conseguiste transmitir perfeitamente o sentimento contido no texto.

Remus disse...

Sempre que vejo um pedaço de roupa ou de calçado numa praia, tenho ideias macabras. Existem dezenas de noticias de pessoas que morrem afogadas no mar. Será que essas peças de vestuário ou calçado não será de alguma delas?!