sábado, 27 de fevereiro de 2010

Verdes Anos

Póvoa de Varzim, 2010 © Adelina Silva


Saber não ter ilusões é absolutamente necessário para se poder ter sonhos.

Fernando Pessoa

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Depus a máscara

2010 © Adelina Silva

Depus a máscara e vi-me ao espelho. —
Era a criança de há quantos anos.
Não tinha mudado nada...
É essa a vantagem de saber tirar a máscara.
É-se sempre a criança,
O passado que foi
A criança.
Depus a máscara, e tornei a pô-la.
Assim é melhor,
Assim sem a máscara.
E volto à personalidade como a um términus de linha.

Álvaro de Campos, in "Poemas"

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Ser Livre

Póvoa de Varzim, 2010 © Adelina Silva

Ser livre é ter mil asas,
Mil vozes e mil esperanças,
Saber tocar deliciadamente a música que ecoa,
Liberdade é o que nos faz escolher e nunca manipular.
Pensar diferente, para alcançar as nossas semelhanças,
Semelhanças talvez escondidas,
Mas que nos conduzem às asas do sonho,
Do sonho traçado por um qualquer mutante,
Vivido e prevenido dos esquecimentos supérfulos.
Renata Pereira Correia, in “Ensaios de Ficção”

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Namorar é sempre que o Homem quiser




Braga, 2009 © Adelina Silva
Nota: As fotos não têm qualquer qualidade, contudo não quis deixar de assinalar este dia - não têm enquadramento nem não foram resultado de um instante. Porém, digam lá que estes lenços minhotos não são cinco estrelas. :-)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

História de Amor... a 1ª

Póvoa de Varzim, 2010 © Adelina Silva

Já o disse em Hiroshima Mon Amour: o que conta não é a manifestação do desejo, da tentativa amorosa. O que conta é o inferno da história única. Nada a substitui, nem uma segunda história. Nem a mentira. Nada. Quanto mais a provocamos, mais ela foge. Amar é amar alguém. Não há um múltiplo da vida que possa ser vivido. Todas as primeiras histórias de amor se quebram e depois é essa história que transportamos para as outras histórias. Quando se viveu um amor com alguém, fica-se marcado para sempre e depois transporta-se essa história de pessoa a pessoa. Nunca nos separamos dele. Não podemos evitar a unicidade, a fidelidade, como se fôssemos, só nós, o nosso próprio cosmo. Amar toda a gente, como proclamam algumas pessoas e os cristãos, é embuste. Essas coisas não passam de mentiras. Só se ama uma pessoa de cada vez. Nunca duas ao mesmo tempo.

Marguerite Duras, in "Mundo Exterior "

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Direcção

Vila Nova de Gaia, 2010 © Adelina Silva

tu quebraste o ritmo, o ardor,
ao partires um a um
os ramos todos da tua juventude.

não estamos sós:
setembro traz ainda
um fruto em cada mão.
mas os homens, as aves e os ventos
já não bebem em ti a direcção.

Eugénio de Andrade, in “Os amantes sem dinheiro”