sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Quem se lixa(o)?

Póvoa de Varzim, 2008 Adelina Silva

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

A mentira

Detesto mentiras. Costumo dizer a quem me rodeia (família, amigos, alunos, colegas, etc) que prefiro que me digam a verdade mais cruel do que uma mentira dourada e doce. Perdoo tudo... excepto a mentira.

Vem isto a propósito de que ontem, em conversa com o meu amigo e companheiro, comentei alguns dos comportamentos de pessoas que ele não conhece, mas que eu vou conhecendo... pelas mentiras que vão dizendo.

Jantavamos os dois... iamos comentando o nosso dia de trabalho. Falei-lhe de duas situações que tinha vivenciado, descrevendo o comportamento e as reacções das pessoas perante alguns factos, e que eu sabia, claramente, que não estavam a falar verdade. Nestas coisas há sempre que ouvir pelo menos duas fontes. Enquanto eu ia falando ele ia sorrindo e, finalmente, acabamos os dois a rir. Detesto que façam de mim parva, e quando me apercebo de que o estão a fazer, por vezes, vou deixando ir na onda, testando até onde o limite da falsidade daquela pessoa pode ir. É um exercício curioso...

Dizia há uns tempos a minha amiga: "Adelina, as coisas vêm longe, e tu já as estás a captar"... O povo diz: "Apanha-se mais depressa um mentiroso do que um coxo".

Falar a verdade, sem encobrimentos, omissões, meias verdades, faz parte dos nossos valores e da nossa educação. Fingir que não se é ou que se é, sem ser; que se sabe ou que não se sabe, sabendo; que se tem ou que não se tem, tendo... que aprendizagem podemos retirar daí?

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Corpo

Vuelvo a mi habitación desalentado.
Todo se muestra igual mas desconfío.
Quedo en la oscuridad sin atreverme
a volver a encarar al que detenta
el privativo espacio de mi cuerpo.

¡Ese con el que intentan suplantarme!
Yo no quiero ese cuerpo ni por sombra.
Exijo el cuerpo de antes, el que es mío,
el que consta conmigo en los retratos.

Este cuerpo no sirve. Cada día
pondrá dificultades a mi mente.
Me atará con tenaces ligaduras
a su propio existir que desconozco.

Corroerá el pensamiento, mis deseos
y todo lo que soy lo echará a un lado
para hacerme su esclavo. Y ya jamás
seré quién soy, he sido, quién sería
si me dieran más tiempo con mi cuerpo.

J. M. Fonollosa, "Destrucción de la Mañana"

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Waiting...












Estou, tal como o Jeremy, à espera... ups... já tenho a resposta! :-D
Uauuuuuuu! Iuuuuppppiiiii!!!!!!!!!!!!!

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Relações

Ultimamente têm sucedido uma série de situações que me têm levado a reflectir sobre as relações humanas quer em ambiente "real" quer em ambiente "virtual". Qual a qualidade destas relações? O que é que os indivíduos procuram numa sala de chat? O que é que nos leva a adicionar endereços de pessoas que nem conhecemos? O que nos leva a manter uma conversa, que muitas das vezes nem nos interessa? Porque é que as pessoas dizendo-se desconfiadas, sempre vão confiando no outro?
Na verdade, a forma como construimos essas relações não me parece que seja tão diferente assim do mundo "real". Também aqui dizemos ao outro o que queremos que ele saiba, falamos como nos permite que falemos, desempenhamos o papel que queremos ou podemos desempenhar.
Qual o resultado? O que é que pode surgir daqui?

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Eis-me!

Vila Real, 2008 (c) Adelina Silva

Eis como me sinto:

Desprotegida

Nua

A afundar-me

Inerte

Cansada

Sozinha

Isolada

Perdida

Abandonada

Morta!

domingo, 19 de outubro de 2008

Há palavras que nos beijam

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.
Alexandre O'Neill

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Sossegar

Gosto de sossegar como verbo transitivo. Sossegar só por si não chega. É mais bonito sossegar alguém. Quando se pede "sossega o meu coração" e se consegue sossegar. Quando se sai, quando se faz um esforço para sossegar alguém. E não é adormecendo ou tranquilizando, em jeito de médico a dar um sedativo, que se sossega uma pessoa. É enchendo-lhe a alma de amor, confiança, alegria, esperança e tudo o mais que é o presente a tornar-se de repente futuro. É o futuro que sossega. "Amanhã vamos passear" sossega mais que "Não te preocupes" ou "Deixa lá, que eu trato disso".
Sossegar não é dormir. É viver. Uma pessoa sossegada é capaz de deitar abaixo uma floresta. O sossego não é um descanso - é uma força. Não é estar isolado e longe, deixado em paz - é estar determinado no meio do turbilhão da vida. Sossegar é saber com que se conta, desde o azul do céu aos irmãos. O coração sossega em quem se conhece. Não há falinhas mansas que tragam o sossego dos gritos de uma pessoa com quem se pode contar. É um alívio.

excerto de Sossegar, in Explicações de Português (Verbos Irregulares), Miguel Esteves Cardoso

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Desisto

Este é um daqueles dias em que nos apetece desistir dos nossos projectos, da vida, de nós próprios. É uma melancolia que nos invade e entranha no corpo e na mente. É um cansaço de lutar para levar, aquilo em que nos comprometemos, a bom porto. É a triste constatação que, afinal, não vale a pena tanto esforço e tanto desgaste...
As resistências são tantas, os obstáculos surgem de onde menos se espera e as forças vão rareando. Finalmente, temos a certeza de que fomos vencidos.
De regresso a casa, bateu-me uma tristeza... Encostei o carro à berma. Parei. Apoiei a cabeça no volante e chorei. Não sei o que me deu... sentia-me apertada, com um nó. Estravazei tudo... em silêncio... na minha intimidade, num raro momento a sós comigo mesma. A maquilhagem desvaneceu-se. Olhei-me ao espelho. Ali estava o verdadeiro eu, completamente a descoberto, vulnerável, emocional.
Quem disse que eu era racional, quem?
Desisto de mim mesma.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Malditos mosquitos!

Não sei que é da mudança climática, mas quer-me parecer que os mosquitos, insecto irascível, se multiplicam de uma forma exponencial. Mal damos por isso, pumba... picada de mosquito! Não há Dum Dum, Raid, ou qualquer outro insecticida que dê cabo deles... Será que estão numa espécie de mutação de forma a criarem anti-corpos a quem os quer liquidar?

Mosquitos... insecto abominável! Esperam que estejamos a dormir e aplicam-nos a sua ferroada... Quando a sentimos, já é tarde demais...

Vai-te embora, oh mosquito!

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

O Bom Português

Póvoa de Varzim, 2008 Adelina Silva

domingo, 12 de outubro de 2008

Sapos... só em histórias cor de rosa

Vila Real, 2008 Adelina Silva
Ao longo da vida vão-se sucedendo situações que, pela sua complexidade, nos vão obrigando a “engolir sapos”. Confesso, que o acto de engolir um sapo é desagradável, incómodo, doloroso… Mas, como qualquer coisa, é imprescindível que se prove, para se ter a certeza de que não se gosta. Não gosto!
Mas, o facto de não gostar, não impede que de vez em quando não tenha de o engolir. Mais vezes do que as que gostaria…
O facto de ter de aturar a atitude autista de uns, o espírito egocêntrico de outros, a indiferença, a mentira, o efeito chiclete (mastiga e deita fora), os comportamentos completamente deslocados no tempo e no espaço… tudo isso, mais do que me fazer mal e me causar náuseas… obriga-me a engolir sapos…
A minha impulsividade, que já me criou alguns dissabores, faz-me ser mais refreada nas reacções. É como quem diz… a engolir sapos… O sapo está sempre presente… escondido… camuflado… e, quando se menos espera, zumba….

sábado, 11 de outubro de 2008

Dona de Casa desesperada

O dia tinha sido longo. A viagem para a casa onde costumava passar os fins-de-semana foi cansativa. Parecia que nunca mais chegava.
Cumprindo um ritual semanal, dirigiu-se à caixa de correio, que estava atulhada com envelopes e papelada diversa, abriu a porta, pousou a mala, deu uma volta pelo espaço vazio e silencioso.
Lembrou-se que não tinha pão para o pequeno almoço… Tirou a máquina de fazer pão do armário e pô-la a trabalhar. Enquanto esperava, ligou o PC portátil, leu os e-mails, colocou um post no blog e, finalmente, sentou-se no sofá. Pegou na papelada que tinha recolhido momentos antes e pôs-se a seleccioná-la. Deteve-se num catálogo de vinhos e queijos de um supermercado. Talvez por sugestão, dirigiu-se ao frigorífico, onde mantém sempre duas garrafas de vinho (uma de vinho branco e outra de tinto) e queijos diversos. Optou pela garrafa de vinho branco, que abriu. Pegou em três tipos de queijo, que colocou num prato. Procurou nos armários mini-tostas. Pôs tudo numa bandeja e sentou-se no sofá…
Sozinha, na calma relaxada de um fim de noite, finalmente sentiu que tinha tempo para si…
Por fim, enroscou-se no sofá, enquanto via um DVD que tinha escolhido: “Rapariga com Brinco de Pérola”. Adormeceu…

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Tempo e Espaço

Oviedo, 2008 Adelina Silva

Preciso de tempo...
Preciso de espaço...
Há que dar tempo ao tempo!
Há que dar tempo ao espaço...
Há que dar espaço ao espaço!
E há que dar espaço ao tempo.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Feira das Vaidades

Oviedo, 2008 Adelina Silva
Vaidade

Sonho que sou a poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!
Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!
Sonho que sou Alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a Terra anda curvada!
E quando mais no céu eu vou sonhando,
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho... E não sou nada!...

Florbela Espanca

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

It's all so quiet (schiu, schiu)

Oviedo, 2008 Adelina Silva
Ah, que saudades tenho do tempo que podiamos andar, descansar, ler, estudar, namorar, conversar, jogar, etc. num jardim público. Havia tantos locais no Porto... S. Lázaro (mesmo em frente à Biblioteca Municipal), Cordoaria, o Palácio de Cristal ... e tantos outros.
Nesses espaços públicos, as relações que se estabeleciam entre as pessoas (conhecidas ou desconhecidas) eram despreocupadas, desinibidas, tolerantes e, até mesmo, abertas.
Agora, quem povoa esses jardins? Quem se atreve a atravessá-los? Quem ousa sequer sentar-se num banco?
Eu, definitivamente, não!

terça-feira, 7 de outubro de 2008

My fair lady

Oviedo, 2008 Adelina Silva

Ah Woody, Woody!

Oviedo, 2008 Adelina Silva

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

O que faz falta?

Ericeira, 2008 Adelina Silva
Sinto um vazio... há um abismo... há uma falha... sinto a tua falta... Sinto que me estou a faltar.
Mas, afinal o que faz falta? Não tenho tudo o que sempre procurei? Porque me sinto assim?
O que faz falta?
O que faz falta é animar a malta, é o que faz falta!, cantava o Zeca Afonso.
Quando a corja topa da janela (...) Quando o pão que comes sabe a merda (...) Quando nunca a noite foi dormida (...) Quando a raiva nunca foi vencida (...) Quando nunca a infância teve infância (..) Quando sabes que vai haver dança (...) Quando um cão te morde a canela (...) Quando a esquina há sempre uma cabeça / O que faz falta /O que faz falta é animar a malta ....

domingo, 5 de outubro de 2008

Como te sentes?

Vila Real, 2008 Adelina Silva
Repetem a pergunta inúmeras vezes, quase sem pensar no que perguntam, sem querer saber a resposta, apenas porque acham que têm a obrigação de o fazer ou por qualquer outra razão... Pois querem mesmo saber??? Eu respondo, mas têm de me prometer que jamais repetirão a questão. Pronto, Ok, aqui vai:
- Eis como me sinto... a afundar.... enturpecida... hirta... estática... moribunda... com estalactites a ameaçar cair sobre a minha cabeça... Respondido???
Viremos a página!

sábado, 4 de outubro de 2008

Quero o divórcio!

Sabem daqueles dias em temos uma agenda planeada e, precisamente nesse dia, nada do que planeavamos fazer, fazemos? É que hoje não fiz nada mesmo, nadinha, zits, zero...
Claro está que também não fiquei (embora me apetecesse) de papo para o ar... à sombra da bananeira... Ah, isso não! Agora que é fim-de-tarde, à beira-mar, revejo o meu dia... C'um raio! Que andei eu a fazer este sábado todo o dia??? A viver a vidinha de uma doméstica (ou dona de casa)... arrumar, cozinhar, arrumar, limpar, estender e, finalmente, um tempinho para ir ao cabeleireiro... E revi-me em todas as mulheres que ali estavam...
Eu não quero esta vida para mim. Para continuar assim, eu exijo o divórcio já! E se a vida doméstica não concordar com o divórcio amigável, terei mesmo de avançar para o litigioso, com todas as implicações e consequências que daí poderão advir.
O que eu sei, é que não quero esta vida para mim. Eu mereço muito mais! Pelo menos tanto quanto eu me entrego à vida!

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Enough is enough

Estou farta! Farta desta luta constante contra o tempo, contra o que está implicitamente instituído, contra as ideias conservadoras de uns, contra a coscuvilhice de outros, do bota-abaixo só “porque sim”, dos miúdos que não sabem falar baixo, os gritos e dos risos despropositados, dos condutores irresponsáveis, da cobardia, dos medricas e dos merdosos, de tudo… e do nada!
Ao contrário do que cantavam os Depêche Mode, “I just can’t get enough”, … eu afirmo: “I just had enough”.
Mas que adianta ter consciência disso tudo e nada fazer? Vou continuar a lamúria? Que hei-de fazer para ultrapassar esta angústia que me consome?
Não sei o que se irá seguir, mas sei o que tenho de fazer!

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Wonderful World

Caldas da Rainha, 2008 Adelina Silva


Acordei com a música do Sam Cook na cabeça, ao som ritmado do toque nos dedos polegar e médio. Ta... Ta... Ta...

Don't know much about history
Don't know much biology
Don't know much about a science book
Don't know much about the French I took
But I do know that I love you
And I know that if you love me too
What a wonderful world this would be

Don't know much about geography
Don't know much trigonometry
Don't know much about algebra
Don't know what a slide rule is for
But I know that one and one is two
And if this one could be with you
What a wonderful world this would be

Now, I don't claim to be an "A" student
But I'm trying to be
For maybe by being an "A" student baby
I can win your love for me

Não me lembro se foi em resultado de algum sonho... em resultado de alguma realidade. Simplesmente, a música não me sai da cabeça. Povoa os meus pensamentos... recorda-me algumas situações... não me deixa esquecer algumas pessoas... Faz-me concentrar na minha realidade e que esta é a história da minha vida.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

You've got mail

Sempre que ligo o PC, imediatamente me ligo à internet e ao msn. É automático! O uso do messenger, para quem contacta diariamente com alunos, é quase que uma ferramenta imprescindível.Também os meus filhos usam o messenger.Ontem, ao ligar o PC, não me apercebi que o messenger tinha iniciado a sessão com a "conta" do meu filho. Às tantas começo a receber mensagens, de pessoas que desconhecia, com um conteúdo que definitivamente não me dizia nada... Reparei com mais atenção... a conversa girava à volta de algo que se tinha passado na escola, amores de adolescente, etc... Fiquei sem saber se deveria responder (mas dizer o quê) ou simplesmente ignorar (saindo). Optei pelo segundo.Meu Deus! Os anos passam e os problemas de adolescência continuam os mesmos. Todos passamos pelas mesmas dores de crescimento, de amores não correspondidos, do disse-que-disse ou que não-disse... Agora já não se mandam os recadinhos por bilhetes, discretamente metidos no bolso ou na mochila... Agora utilizam-se outros meios... msn ... sms .... enfim, na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma.