domingo, 12 de dezembro de 2010

Choverá?

Porto, 2010 © Adelina Silva
pelas paredes cheira ainda à tua pele cutânea.

mas desde que te foste estar aqui é oco,
cansativo, uma espera. E às vezes (como se
tivéssemos chorado) respirar custa.

sobretudo nada apetece.
sair para a rua? Ir então em frente a repetir
os passos, passear nas avenidas a espaçar as
horas – dispersar a espera?

tudo cinzento. Choverá?
aqui é que não fico. No quarto onde dormimos
o espaço sobra, e cada coisa já morreu ou está
a mais.

em toda a casa uma violência subterrânea:
a tua ausência

João Habitualmente

3 comentários:

mfc disse...

...como uma prece!
Lindíssima fotografia.

Remus disse...

Espero que não chova!
Até porque a terra da minha quintinha já está ensopada... :-)

As diferentes tonalidades deste céu, aliado à nudez da árvore, deu aquele impacto especial à fotografia.

FélixP disse...

Wow! Adorei o poema, pude rever-me nele! Muito bom!