Léon, 2012 © Adelina Silva
Esta tarde, sentado num banco do jardim,
tentava ler um livro difícil
enquanto esperava por ti.
O livro tornava mais dura, mais penosa, a espera.
Então levantei os olhos das páginas,
pousei o livro, vi um homem novo
aproximar-se e passar à minha frente
com um saco de plástico
com maçãs vermelhas numa das mãos
e uma caixa de cartão, com ovos, na outra.
O saco de plástico era transparente
e revelava nitidamente o esplendor e a forma
perfeita das maçãs, todas muito juntas
como partes de um todo.
Não consegui deixar de as olhar,
e tu chegaste logo de seguida.
Só agora, depois do jantar
e da loiça lavada, me lembrei do livro
que ficou no banco do jardim.
Luís Filipe Parrado, in "Resumo - a poesia em 2011"
6 comentários:
Numa tarde não muito distante também me sentei naquele banco ao lado do leitor atento que " nem deu por mim"
Gostei muito da escultura como também gostei das suas palavras.Parabens.
Esta foto evoca-me a solidão... mas não deixa de ser uma muito boa foto!
beijos,
Jardim Dos Poetas
Na procura da inspiração, atravessei o Lima. Sentei-me num banco de jardim. Olho em redor. Aqui desabrocham maçãs que, em harmonia com as letras, contam histórias que podem ser minhas, que podem ser tuas…
Toda a gente repara no homem sentado no banco, mas será que alguém reparou na pomba pousada no banco?
:-)
Adoro estes pequenos pormenores.
Retalhos de vida perpetuados num banco de jardim, apontamentos que ficam de um olhar atento.
a leitura eterna e talvez quente, [já que a inércia térmica do metal ajuda a "aquecer" a leitura]
:-)
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