quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Linha Recta

Póvoa de Varzim, 2010 ©Adelina Silva
Mas a nossa vista aguçou-se e fizemos um progresso cruel. Com o avião tornámo-nos cientes da linha recta. Assim que descolámos deixamos esses caminhos que se inclinam para os bebedoiros e estábulos, ou serpenteiam de cidade para cidade. Libertos doravante das servidões bem-amadas, libertos da falta de fontes, rumamos para os nossos objectivos longínquos. Só então descobrimos, do alto das nossas trajectórias rectilíneas, o substrato principal, a assentada de rochas, de areia ou de sal, onde às vezes a vida, como um pouco de musgo nos buracos das ruínas, aqui e ali se atreve a florir.
Antoine de Saint-Exupéry, in “Terra dos Homens”

4 comentários:

Anónimo disse...

Te deixo aqui um poeminha de Mário Quintana, muito gracioso.

POEMINHA DO CONTRA
Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!

Mário Quintana

http://www.pensador.info/p/eles_passarao_eu_passarinho/1/

Saudades. Marzie

mfc disse...

Não gosto da facilidade das rectas.
Induzem em erro.

Remus disse...

Visto assim, até parece o arco de cupido. :-)

Momento muito bem apanhado.

A Respigadeira disse...

Parece a Fenix! É incrível como a Natureza nos incute a imaginação.