quarta-feira, 17 de março de 2010

Quem tem coragem de perguntar?

Porto, 2010 © Adelina Silva

Quem tem coragem de perguntar, na noite imensa?
E que valem as árvores, as casas, a chuva, o pequeno transeunte?

Que vale o pensamento humano,

esforçado e vencido,
na turbulência das horas?

Que valem a conversa apenas murmurada,

a erma ternura, os delicados adeuses?

Que valem as pálpebras da tímida esperança,
orvalhadas de trémulo sal?

O sangue e a lágrima são pequenos cristais subtis,

no profundo diagrama.

E o homem tão inutilmente pensante e pensado
só tem a tristeza para distingui-lo.
Cecília Meireles

3 comentários:

mfc disse...

De que valem as vaidades?!
Óptimo instantâneo.

Remus disse...

Cada dia que passa, mais coragem é necessária para viver e para sobreviver..

micael disse...

Degradação...

O que somos?
O que fazemos?