segunda-feira, 19 de julho de 2010

Partir

Porto, 2010 © Adelina Silva

Ainda que atravesses a vastidão do mar, ainda que, como diz o nosso Vergílio, as costas, as cidades desapareçam no horizonte, os teus vícios seguir-te-ão onde quer que tu vás. Do mesmo se queixou um dia alguém a Sócrates: «Porquê admirar-te da inutilidade das tuas viagens,» - foi a resposta, - «se para todo o lado levas a mesma disposição? A causa que te aflige é exactamente a mesma que te leva a partir!» De facto, em que pode ajudar a mudança de local, ou o conhecimento de novas paisagens e cidades? Toda essa agitação carece de sentido. Andares de um lado para o outro não te ajuda em nada, porque andas sempre na tua própria companhia. (…) O que tu fazes agora não é viajar, mas sim andar à deriva, a saltar de um lado para o outro, quando na realidade o que tu pretendes - viver segundo a virtude - podes consegui-lo em qualquer sítio.

Séneca, in “Cartas a Lucílio”

2 comentários:

Remus disse...

Será um T, ou é um L?
Hummm...
:-)

Este foi um momento muito bem cronometrado. Se o barco na vertical tivesse atrasado um bocadito, tínhamos acidente...

Momento bem captado.

mfc disse...

... uma dança no rio!