sexta-feira, 15 de abril de 2011

Flutuo

Póvoa de Varzim, 2011 © Adelina Silva

De que céu caído,
oh insólito,
imóvel solitário na onda do tempo?
És a duração,
o tempo que amadurece
num instante enorme, diáfano:
flecha no ar,
branco embelezado
e espaço já sem memória de flecha.
Dia feito de tempo e de vazio:
desabitas-me, apagas
meu nome e o que sou,
enchendo-me de ti: luz, nada.
E flutuo, já sem mim, pura existência.



Octavio Paz, in "Liberdade sob Palavra"


2 comentários:

Remus disse...

Um clique realizado no momento certo.
E a gaivota traz alguma coisa no bico.
Momento único.

mfc disse...

Um instante mágico...