quarta-feira, 20 de junho de 2012

À minha volta

Maia, 2012 © Adelina Silva


Olho, olho, e só vejo negrura à minha volta. Fé? Evidentemente... Enquanto há vida, há esperança — lá diz o outro. Mas, francamente: fé em quê? Num mundo que almoça valores, janta valores, ceia valores, e os degrada cinicamente, sem qualquer estremecimento da consciência? Peçam-me tudo, menos que tape os olhos. Bem basta quando a terra mos cobrir! — Ah! mas a humanidade acaba por encontrar o seu verdadeiro caminho — dizem-me duas células ingénuas do entendimento. E eu respondo-lhes assim: Não, o homem não tem caminhos ideais e caminhos de ocasião. O homem tem os caminhos que anda.
 
Miguel Torga, in "Diário (1942)"

5 comentários:

Remus disse...

Vestida a rigor e de alto gabarito.

Momento e expressão (de surpresa?) bem retratados.

Fábio Martins disse...

Tudo nesta vida tem o seu Q de complicação Adelina.

O momento de surpresa como diz o Remus foi bem registado *

Arnaldo Macedo disse...

Tudo tão negro deve ser dos óculos. A fé? ter alguém que gosta de nós é o melhor que pode acontecer antes de levar mos com a terra nos olhos… O resto são jantares e ceias….ahhhh gosto da foto estás contratada para fotografar as maçãs voadoras…

mfc disse...

Um óptimo instantâneo!
A vida tal e qual ela é...
Parabéns... e um beijinho.

PAULO | PHOTOS disse...

Bonita...
:)