Paris, 2012 © Adelina Silva
Depois de atravessar muitos caminhos
Um homem chegou a uma estrada clara e extensa
Cheia de calma e luz.
O homem caminhou pela estrada afora
Ouvindo a voz dos pássaros e recebendo a luz forte do sol
Com o peito cheio de cantos e a boca farta de risos.
O homem caminhou dias e dias pela estrada longa
Que se perdia na planície uniforme.
Caminhou dias e dias...
Os únicos pássaros voaram
Só o sol ficava
O sol forte que lhe queimava a fronte pálida.
Depois de muito tempo ele se lembrou de procurar uma fonte
Mas o sol tinha secado todas as fontes.
Ele perscrutou o horizonte
E viu que a estrada ia além, muito além de todas as coisas.
Ele perscrutou o céu
E não viu nenhuma nuvem.
(...)
O homem olhou por um momento a estrada clara e deserta
Olhou longamente para dentro de si
E voltou.
Vinicius de Moraes, in "Poesia Completa e Prosa"
8 comentários:
Foi um belo enquadramento Adelina.
Eu cá gostei :) *
Quem me dera estar aqui. Fantástica
Um caminho a perder de vista.
Quando for grande e rico, vou ter uma casa com um caminho assim...
:-)
Faltou dizer que esse foi sempre um dos meus sonhos de criança: Viver numa casa em que tivesse um longo caminho ladeado por árvores.
Uma álea lindíssima!
Que bonito olhar!
rumo ao infinito.
intenso.
Um caminho que parece não ter fim e que nos deixa a imaginar até onde nos levará.
Gosto muito deste género de fotos.
Que beleza de caminho e que beleza de fotografia...Vinicius de Moraes está coberto de razão...é connosco próprios que temos que encontrar o caminho.
1 bj
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