terça-feira, 26 de junho de 2012

Velha Estrada

Paris, 2012 © Adelina Silva

Depois de atravessar muitos caminhos
Um homem chegou a uma estrada clara e extensa
Cheia de calma e luz.
O homem caminhou pela estrada afora
Ouvindo a voz dos pássaros e recebendo a luz forte do sol
Com o peito cheio de cantos e a boca farta de risos. 
O homem caminhou dias e dias pela estrada longa
Que se perdia na planície uniforme.
Caminhou dias e dias...
Os únicos pássaros voaram
Só o sol ficava
O sol forte que lhe queimava a fronte pálida.
Depois de muito tempo ele se lembrou de procurar uma fonte 
Mas o sol tinha secado todas as fontes.
Ele perscrutou o horizonte
E viu que a estrada ia além, muito além de todas as coisas.
Ele perscrutou o céu
E não viu nenhuma nuvem.
(...)
O homem olhou por um momento a estrada clara e deserta
Olhou longamente para dentro de si
E voltou.

Vinicius de Moraes, in "Poesia Completa e Prosa"

8 comentários:

Fábio Martins disse...

Foi um belo enquadramento Adelina.
Eu cá gostei :) *

João Mourão disse...

Quem me dera estar aqui. Fantástica

Remus disse...

Um caminho a perder de vista.
Quando for grande e rico, vou ter uma casa com um caminho assim...
:-)

Remus disse...

Faltou dizer que esse foi sempre um dos meus sonhos de criança: Viver numa casa em que tivesse um longo caminho ladeado por árvores.

mfc disse...

Uma álea lindíssima!
Que bonito olhar!

PAULO | PHOTOS disse...

rumo ao infinito.

intenso.

Existe um Olhar disse...

Um caminho que parece não ter fim e que nos deixa a imaginar até onde nos levará.
Gosto muito deste género de fotos.

Rute disse...

Que beleza de caminho e que beleza de fotografia...Vinicius de Moraes está coberto de razão...é connosco próprios que temos que encontrar o caminho.

1 bj