sexta-feira, 6 de julho de 2012

Noções

Vila Real, 2008 © Adelina Silva

Entre mim e mim, há vastidões bastantes
para a navegação dos meus desejos afligidos.

Descem pela água minhas naves revestidas de espelhos.
Cada lâmina arrisca um olhar, e investiga o elemento que a atinge.

Mas, nesta aventura do sonho exposto à correnteza,
só recolho o gosto infinito das respostas que não se encontram.

Virei-me sobre a minha própria experiência, e contemplei-a.
Minha virtude era esta errância por mares contraditórios,
e este abandono para além da felicidade e da beleza.

Ó meu Deus, isto é minha alma:
qualquer coisa que flutua sobre este corpo efêmero e precário,
como o vento largo do oceano sobre a areia passiva e inúmera…


Cecília Meireles

6 comentários:

Remus disse...

E ela ainda continua a dormir... É uma dorminhoca.
;-)

Mateus é um lugar muito fotogénico, e Adelina captou um ponto central dessa fotogenia.

Fábio Martins disse...

O Remus diz que continua a dormir mas mais parece que morreu por ali, coitada.

Deixando de filmes...
gosto muito do click Adelina.
Belos reflexos

Existe um Olhar disse...

Excelente reflexo Adelina, eu ia perguntar se seria na casa de Mateus, mas o Remus já desvendou.
Gosto deste espaço e a tua foto ficou belíssima!

mfc disse...

Um olhar diferente sobre um "cluster" fotográfico!
Gostei... gostei muito!

PAULO | PHOTOS disse...

"paz interior" - onde é que já ouvi isto! :)

gosto do enquadramento, silencioso.

Rute disse...

Está muito bonita a composição. Os reflexos estão 5*. ...tenho pena da moça que parece não conseguir erguer-se das águas geladas...

Belíssimo poema, com a inquietação característica de Cecília Meireles

1 bj