Bilbao, 2012 © Adelina Silva
Ontem à tarde um homem das cidades
Falava à porta da estalagem.
Falava comigo também.
Falava da justiça e da luta para haver justiça
E dos operários que sofrem,
E do trabalho constante, e dos que têm fome,
E dos ricos, que só têm costas para isso.
E, olhando para mim, viu-me lágrimas nos olhos
E sorriu com agrado, julgando que eu sentia
O ódio que ele sentia, e a compaixão
Que ele dizia que sentia.
(...)
Eu no que estava pensando
Quando o amigo de gente falava
(E isso me comoveu até às lágrimas),
Era em como o murmúrio longínquo dos chocalhos
A esse entardecer
(...)
E o homem calara-se, olhando o poente.
Mas que tem com o poente quem odeia e ama?
Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XXXII"
5 comentários:
Ele já está com aquela expressão de quem já está a desesperar de tanto estar à espera.
:-)
Momento muito bem retratado, mas acho que a Adelina não devia ter cortado o pé ao homem. ;-)
Eu acho que ele estava a ligar para o apoio à TMN e deixaram-lhe a ouvir aquelas musicas irritantes enquanto se espera :o)
Tal como o Remus falou e bem, o pé fazia falta ao homem dona Adelina :)
mas gostei
Mas como é que vocês sabem se o pé do homem valia alguma coisa para ser fotografado?!...;) Ah pois é...We never know...
bonito poema muito bem associado à imagem.
1 bj
@Rute:
Pois. Provavelmente não valia nada.
Mas a Rute parece que ficou toda entusiasmada com o resto do homem.
:-P
O inseparável telemóvel que nenhuma falta nos fazia aqui há uns anos atrás!
... mas uma óptima foto.
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