quarta-feira, 5 de março de 2014

Conto de Fadas

Sevilha, 2014 © Adelina Silva

Eu trago-te nas mãos o esquecimento 
Das horas más que tens vivido, Amor! 
E para as tuas chagas o unguento 
Com que sarei a minha própria dor. 

 Os meus gestos são ondas de Sorrento... 
Trago no nome as letras duma flor... 
Foi dos meus olhos garços que um pintor 
Tirou a luz para pintar o vento... 

 Dou-te o que tenho: o astro que dormita, 
O manto dos crepúsculos da tarde, 
O sol que é de ouro, a onda que palpita. 

 Dou-te, comigo, o mundo que Deus fez! 
Eu sou Aquela de quem tens saudade, 
A princesa de conto: "Era uma vez..."

Florbela Espanca

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