segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Oceano Nox

Porto Covo, 2015 © Adelina Silva

Junto do mar, que erguia gravemente
A trágica voz rouca, enquanto o vento
Passava como o vôo do pensamento
Que busca e hesita, inquieto e intermitente,

Junto do mar sentei-me tristemente,
Olhando o céu pesado e nevoento,
E interroguei, cismando, esse lamento
Que saía das coisas, vagamente...

Que inquieto desejo vos tortura,
Seres elementares, força obscura?
Em volta de que idéia gravitais?

Mas na imensa extensão, onde se esconde
O Inconsciente imortal, só me responde
Um bramido, um queixume, e nada mais...


Antero de Quental, in "Sonetos"


1 comentário:

Manu disse...

Adoro esta praia , aqui muito bem fotografada.
Interessante que nesse banquinho virado para o mar, também tenho uma foto de uma menina.