sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Desespero

Porto, 2009 © Adelina Silva

Há uma ligação muito estreita entre a adoração da acção e o uso do homem como meio de atingir fins que não são o homem. Como há uma ligação aproximada entre este desespero e a acção, entre a razão e a acção. A proeminência dos valores da acção sobre os da contemplação indica, sobretudo, que o homem abandonou totalmente a busca duma ideia aprazível do homem e o desejo de o colocar como fim. E que na impossibilidade de agir segundo um fim, ou de agir para ser homem, ele decide agir de qualquer maneira, apenas para agir.
O homem de acção é um desesperado que procura preencher o vazio do seu próprio desespero com actos ligados mecanicamente uns aos outros e compreendidos entre um ponto de início e um ponto de conclusão, ambos gratuitos e convencionais.

Alberto Moravia, in "O Homem Como Fim”

3 comentários:

Remus disse...

Alugam-se quartos, mas o prédio parece estar cair aos pedaços. Mas sem dúvida que as figuras laranjas, chamam a atenção para o anúncio. :-)

mfc disse...

Predomina em mim o contemplativo.
Não sou nadinha de acção.
A foto reflecte bem esta dualidade.

Arnaldo Macedo disse...

Eu Homem não sou nada! Sou aquele que oscila de um canto para outro que não está lá, nem cá, dependendo do que sou, posso deslocar me para cá e para lá... Desespero é um molho de chaves crueldade é ficar preso numas janelas...