sábado, 28 de agosto de 2010

We no speak...

Apúlia, 2010 © Adelina Silva

Pessoas com poucas capacidades não conseguirão realmente assimilar com facilidade uma língua estrangeira: embora aprendam as suas palavras, empregam-nas apenas no significado do equivalente aproximado da sua língua materna e continuam a manter as construções e frases próprias desta última. Com efeito, esses indivíduos não conseguem assimilar o espírito da língua estrangeira, que depende essencialmente do facto do seu pensamento não se dar por meios próprios, mas, em grande parte, de ser emprestado pela língua materna, cujas frases e locuções habituais substituem os seus próprios pensamentos. Eis, portanto, a razão de eles sempre se servirem, também na própria língua, de expressões idiomáticas desgastadas, combinando-as de modo tão inábil, que logo se percebe quão pouco se dão conta do seu significado e quão pouco todo o seu pensamento supera as palavras, de modo que tudo se reduz a um palratório de papagaios. Pela razão oposta, a originalidade das locuções e a adequação individual de cada expressão usada por alguém são o sintoma inequivocável de um espírito preponderante.

Arthur Schopenhauer, in “Da Língua e das Palavras”


Sugestão Musical
Yolanda Be Cool & Dcup - We No Speak Americano

2 comentários:

http://abebedorespgondufo.blogs.sapo.pt/ disse...

Gostei.

mfc disse...

Fantástico...
A tua perspicácia é bestial!