sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

O Vale do Paraíso

Algures no Norte de Portugal, 2009 © Adelina Silva

Quando vier de novo o céu de maio largando estrelas
Eu irei, lá onde os pinheiros recendem nas manhãs úmidas
Lá onde a aragem não desdenha a pequenina flor das encostas
Será como sempre, na estrada vermelha a grande pedra recolherá sol
E os pequenos insetos irão e virão, e longe um cão ladrará
E nos tufos dos arbustos haverá enredados de orvalho nas teias de aranha.
As montanhas, vejo-as iluminadas, ardendo no grande sol amarelo
As vertentes algodoadas de neblina, lembro-as suspendendo árvores

(nas nuvens
As matas, sinto-as ainda vibrando na comunhão das sensações
Como uma epiderme verde, porejada.

Vinicius de Moraes, in "Poesia Completa e Prosa"

2 comentários:

Remus disse...

Um trabalho de artesã artista, tanto por parte da aranha como por parte da fotógrafa.
Bem bonita!

mfc disse...

Que foto mais bonita!
... um olhar lindo sobre a vida.