domingo, 20 de maio de 2012

Elogio (barroco) da Bicicleta

Porto, 2010 © Adelina Silva


Redescubro, contigo, o pedalar eufórico
pelo caminho que a seu tempo se desdobra,
reolhando os beirais - eu que era um teórico
do ar livre - e revendo o passarame à obra.

Avivento, contigo, o coração, já lânguido
das quatro soníferas redondas almofadas
sobre as quais me etangui e bocejei, num trânsito
de corpos em corrida, mas de almas paradas.

Ó ágil e frágil bicicleta andarilha,
ó tubular engonço, ó vaca e andorinha,
ó menina travessa da escola fugida,
ó possuída brincadeira, ó querida filha,
dá-me as asas - trrim! trrim! - pra que eu possa traçar
no quotidiano asfalto um oito exemplar !
Alexandre O'Neill

6 comentários:

Fábio Martins disse...

Adelina, parece que parou mesmo para a foto :)

Existe um Olhar disse...

Belo elogio! Eu quero também deixar o meu à foto que aqui nos mostras.

Beijos
Manu

Remus disse...

Andar de bicicleta no Porto, tirando a zona ocidental mais junto ao mar ou da zona à beira rio, é dose e não é para todos. Porque tanto existem descidas a pique, como existem subidas a pique.
:-)

A pose... a perna alçada... a vestimenta... a sensação de frio... tudo em harmonia.

PAULO | PHOTOS disse...

estará indecisa sobre qual o rumo a tomar...
...nada melhor do que optar por percorrer um caminho "sem destino" e encontrar circunstàncias imprevisíveis que alimentam o sentido espontàneo da vida

Rute disse...

Gostei o teu elogio à bicicleta reforçado pelas palavras de O'Neill :))
A fotografia está muito apanhada...a moça está indecisa, às vezes não é nada fácil escolher o melhor caminho!

1 bj e 1 bom fim-de-semana

mfc disse...

Uma centralidade que nos atrai...