quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Rosa dos Mares


Lisboa, 2011 © Adelina Silva

Tinha o tamanho da praia
o corpo era de areia.
Ele próprio era o início
do mar que o continuava.
Destino de água salgada
principiado na veia.

E quando as mãos se estenderam
a todo o seu comprimento
e quando os olhos desceram
a toda a sua fundura
teve o sinal que anuncia
o sonho da criatura.

Largou o sonho nos barcos
que dos seus dedos partiam
que dos seus dedos paisagens
países antecediam.

E quando o seu corpo se ergueu
Voltado para o desengano
só ficou tranquilidade
na linha daquele além.
Guardada na claridade
do olhar que a retém..


Natália Correia


7 comentários:

Remus disse...

Um ponto de vista bem "descoberto" e apanhado. Onde mostra a verdadeira pequenez das pessoas, em comparação com a roda dos ventos.

Fábio Martins disse...

A versão em preto e branco até a favorece. Bom pormenor captado

Existe um Olhar disse...

Adorei a perspectiva e a ideia de pequenez dada pelos carros quase invisíveis ao longe.
Beijos
Manu

Biblioteca da ES de Paços de Ferreira disse...

Como somos pequeninos nesta imensidão a que chamamos mundo...parabéns pela excelente fotografia e pela escolha do poema. É sempre bom recordar Natália Correia

mfc disse...

A grandiosidade versus a pequenez!
Boa tomada...

João Farinha disse...

Uma foto simples, mas que resulta muito bem, com um grande impacto.

Helder Ferreira disse...

como diz o Remus, um ponto de vista bem descoberto. ;-)