sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Mulheres à Beira-Mar


Póvoa de Varzim, 2011 © Adelina Silva

Confundido os seus cabelos com os cabelos
do vento, têm o corpo feliz de ser tão seu e
tão denso em plena liberdade.

Lançam os braços pela praia fora e a brancura
dos seus pulsos penetra nas espumas.

Passam aves de asas agudas e a curva dos seus
olhos prolonga o interminável rastro no céu
branco.

Com a boca colada ao horizonte aspiram longa-
mente a virgindade de um mundo que nasceu.

O extremo dos seus dedos toca o cimo de
delícia e vertigem onde o ar acaba e começa.

E aos seus ombros cola-se uma alga, feliz de
ser tão verde.

Sophia de Mello Breyner Andresen


5 comentários:

Fábio Martins disse...

Que bela imagem desses azulejos!

Remus disse...

Uma cena comovente.
Parabéns ao artista que a pintou, da qual a Adelina só teve que captar a alma. Objectivo totalmente bem alcançado.

mfc disse...

Eu lembro-me delas...
E continuam a existir em cada mulher de verdade.

Existe um Olhar disse...

Um pouco da vida destas mulheres que sofrem. Um registo acompanhado em azulejo de algo bem português.
Adorei o poema.

Roberto Machado Alves disse...

Que beleza de blog. Estou viajando nas suas imagens e poesias. Meus parabéns.
Já estou seguindo.

Um abraço
Roberto, Brasil