quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Antes do amanhecer

Tinham-se encontrado em Viena, em 1994. Deambularam pela cidade mágica como se o tempo fora eterno. Prolongaram a conversa noite fora… Terminaram a noite num parque, olhando as estrelas. De manhã despedem-se numa estação de caminho de ferro – do amor e da vida.
Anos mais tarde encontram-se em Paris. Recordam, então, Viena. Ele brinca com a ideia de aproveitar os últimos minutos a amá-la furiosamente. Ela dir-lhe-á que não gosta de separações porque, ninguém substitui ninguém, sobretudo quando se atende aos pormenores. Em jeito de despedida ele fala-lhe da mulher e do filho e de como é pelo filho que procura manter a estabilidade, que é com alguma pena que vê o amor fugir-lhes, como o amor passa a ser pouco frequente na vida de casado, como se começam a distanciar... Que desejaria que tanto ele como a mulher fossem felizes... Ela fita-o, atónita. A imagem que tinha dele era a de um homem feliz: Pensamos sempre que só nós somos infelizes. Finalmente, ela confessa lembrar-se que se tinham realmente amado no parque, duas vezes, a olhar as estrelas.
Conclusão: o amor não é domesticável. O difícil é vivê-lo, sem o querer domesticar. O amor é uma espécie de milagre. Uma probabilidade num milhão de se encontrarem e, depois, muito mais provável o desencontro.
E poucos se reencontram assim. Mesmo que consigam voltar a encontrar-se, já são outros, são diferentes, a vida e os afectos passaram por eles, já não se conseguem reconhecer um no outro.
O amor também pode passar ao lado dos distraídos. E a vida e o mundo distrai-nos sempre.
O amor é uma valsa. No encontro e no reencontro.

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