sábado, 21 de fevereiro de 2009

Arrojos

Póvoa de Varzim, 2009 © Adelina Silva

Se a minha amada um longo olhar me desse
Dos seus olhos que ferem como espadas,
Eu domaria o mar que se enfurece
E escalaria as nuvens rendilhadas.

Se ela deixasse, extático e suspenso
Tomar-lhe as mãos "mignonnes" e aquecê-las,
Eu com um sopro enorme, um sopro imenso
Apagaria o lume das estrelas.

Se aquela que amo mais que a luz do dia,
Me aniquilasse os males taciturnos,
O brilho dos meus olhos
O clarão dos relâmpagos nocturnos.

Se ela quisesse amar, no azul do espaço,
Casando as suas penas com as minhas,
Eu desfaria o Sol como desfaço
As bolas de sabão das criancinhas.

(...)
Cesário Verde

1 comentário:

mfc disse...

Sempre procuramos, já que somos seres incompletos.
Os dois últimos versos são de uma candura que nos faz sorrir.
Cesáreo era uma maravilha.