sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Nascemos para ter asas


Porto, 2011 © Adelina Silva

Nós nascemos para ter asas, meus amigos.
Não se esqueçam de escrever por dentro do peito: nós nascemos para ter asas.
 No entanto, em épocas remotas, vieram com dedos pesados de ferrugem para gastar as nossas asas como se gastam tostões.
 Cortaram-nos as asas para que fôssemos apenas operários obedientes, estudantes atenciosos, leitores ingénuos de notícias sensacionais, gente pouca, pouca e seca.
 Apesar disso, sábios, estudiosos do arco-íris e de coisas transparentes, afirmam que as asas dos homens crescem mesmo depois de cortadas, e, novamente cortadas, de novo voltam a ser.
 Aceitemos esta hipótese, apesar de não termos dela qualquer confirmação prática.
 Por hoje é tudo. Abram as janelas. Podem sair.

José Fanha, in "Cartas de Marear"


8 comentários:

Anónimo disse...

Ternura...
E um belo p&b!

Remus disse...

Belo momento. Um momento de pura ternura e descoberta.

mfc disse...

Que delícia de foto!

Roberto Machado Alves disse...

Espetacular. Era isso que eu estava precisando ler hoje. Muito obrigado por compartilhar pensamento tão singelo e profundo.

Um abraço
Roberto, Rio de Janeiro

Helder Ferreira disse...

Grande retrato! :) P&B muito bem aplicado! :)

João Farinha disse...

Uma fantástica exposição, que resultou num p&b exemplar. A juntar a isso, boa composição e com momento.

Unknown disse...

e é na infância que o abrir de janelas é mais importante.

uma fotografia "ternurenta".

Javier Guri disse...

Preciosa escena, llena de ternura y expresividad.
Saludos.