segunda-feira, 20 de abril de 2009

Não tenhas pressa

Sevilha, 2009 © Adelina Silva

Fica. Não adormeças. Não apagues a luz, sabes que tenho tanto medo do escuro.
Não me acordes cedo. Deixa-me aconchegar com carinho no teu ombro no começo de um dia sem pressa.
Fica, não esperes que o dia se esconda, se ensombre, se acobarde, se revolte.
Não chames as dúvidas, afaga-me o cabelo, os sentidos…
Desperta-me apenas de um possível pesadelo… Tenho tantos.
(…)
Não feches a janela, deixa-me continuar a beber o azul tórrido de uma lua húmida que se arrasta dengosa no final de mais um dia cansado do nada.
Fica comigo.
Até que o desejo adormeça
Até que a lua se canse de sorrir
Até que os nossos corpos se sintam dormentes
Até que o nosso amor dure
Até que seja possível acreditar no nosso desassossego
Até que deixe de sentir esta vontade imensa de estar contigo
Até que o fim se deixe anunciar.

Fica comigo.
Não me acordes, não me despertes.
Deixa que o tempo se escape, que voe, com calma.
Deixa que o nosso silêncio acabe por ser tudo
Deixa muito espaço para o amor que iremos fazer no próximo minuto.

Fica, sem pressas.

O amor vive apenas de pequenos instantes.

Leonor Bettencourt Bernardo

3 comentários:

Mr Lee disse...

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mfc disse...

O texto é de uma ternura tal que o que se possa dizer, nada lhe iria acrescentar.
Parabéns sinceros por este lindíssimo post.

Remus disse...

Já só restam sete...
Grafismo muito bem visto e bem captado.
O enquadramento ficou primoroso.