quinta-feira, 16 de abril de 2009

Espaço Curvo e Finito

Apúlia, 2009 © Adelina Silva


Oculta consciência de não ser,
Ou de ser num estar que me transcende,
Numa rede de presenças e ausências,
Numa fuga para o ponto de partida:
Um perto que é tão longe, um longe aqui.
Uma ânsia de estar e de temer
A semente que de ser se surpreende,
As pedras que repetem as cadências
Da onda sempre nova e repetida
Que neste espaço curvo vem de ti.

José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"

2 comentários:

mfc disse...

Há sempre a dualidade do longe que se faz perto e do perto que sentimos longe.
Os sentimentos e as interpretações da vida nem sempre coincidem, mas quando coincidem é um extase.

Remus disse...

Adorei este emaranhado de fios.
As tonalidades e a suavidade resultaram muito bem.
Parabéns.